“Qual a diferença entre carregar um veículo elétrico ou ligar qualquer outro equipamento elétrico, como uma maquina de lavar, uma torradeira ou um aquecedor?” é a pergunta recorrente quando o tema é o carregamento de veículos elétricos.

Existem dois grandes argumentos para responder a esta questão. A primeira grande diferença prende-se com o facto de um veículo elétrico poder solicitar uma corrente elevada, equivalente a uma casa inteira, durante bastante tempo, 5-7horas. Isto significa que o carregamento de um veículo elétrico representa um conjunto de desafios à tomada e à instalação elétrica.

A segunda diferença está relacionada com a área em que o carregamento é efetuado. Com efeito, o carregamento de um VE poderá ser feito numa área de acesso humano não controlado, que pode variar em dimensão e exposição. Isto significa que em caso de falha na instalação elétrica do veículo elétrico, o risco que este pode representar de electrocução por contactos indiretos é, nesse caso, maior do que um eletrodoméstico situado num local de acesso condicionado. Este facto coloca desafios de verificação da instalação elétrica que alimenta o VE, para limitar o risco em caso de falha.

Note que toda e qualquer instalação elétrica envolve risco na sua utilização, mas este será tanto menor quanto maior for o rigor na aplicação das regras técnicas descritas na regulamentação aplicável.

A norma europeia/portuguesa EN/NP61851 – Sistema de carga condutiva para veículos eléctricos (2003), revista em Dezembro de 2010, define como deve ser feito o carregamento de um veículo eléctrico e em que condições. Para esse efeito define 4 modos de carregamento, aqui descritos.


Modo 1

Este modo não é uma forma oficialmente reconhecida ou segura de carregar veículos. O modo 1 é a ligação de um veículo diretamente a uma tomada doméstica, como acontece com qualquer outro aparelho doméstico. Esta prática não é recomendada, não é segura e não é suportada por nenhum fabricante exceto para motociclos ou veículos ligeiros.


Modo 2

Neste modo é utilizado um cabo separado para o veículo e o carregador, normalmente limitado a 10 amperes, o que proporciona uma velocidade de carga lenta. Pode ser ligado a uma tomada padrão (por exemplo, na garagem) ou a um ponto exterior. Na outra extremidade do cabo deve haver um conector que combine com o modelo do veículo a carregar. No próprio cabo há uma pequena caixa contendo a eletrônica de controle, graças à qual o veículo elétrico verifica se ele está conectado a um sistema de recarga. Os cabos de carregamento Modo 2 são normalmente fornecidos pelo mesmo fabricante e também estão disponíveis para venda. Devido ao seu tempo de recarga (10-12 horas) e por estar ligado a uma tomada doméstica, é considerado um método de recarga apenas para uso ocasional.


Modo 3

É o método mais comum de carregar um veículo elétrico. O carregamento é feito através de um posto de carregamento instalado em casa, no local de trabalho ou em local público (por exemplo, um estacionamento). É a solução preferida e mais segura. Numa instalação doméstica a energia pode ser fornecida através de um posto de carregamento com um cabo incluído, que é adaptado ao veículo a ser recarregado. No caso de carregamento público, onde não se sabe antecipadamente qual o veículo que irá utilizar o carregador, são utilizados carregadores com um conector universal e é o condutor que deve ter um cabo que se ligue de um lado ao carregador e do outro ao conector do seu veículo (Yazaki ou Mennekes). Estes carregadores têm a eletrónica de controlo e as proteções incluídas no equipamento, tornando-os muito mais seguros e fiáveis. Também lhe permitem comunicar com o seu carro para indicar a velocidade máxima de recarga que pode utilizar e, para uso público, têm normalmente comunicações e contadores de energia para gestão de utilizadores e faturação.


Modo 4

No modo 4 é utilizada uma unidade de carga mais potente (normalmente até 50kW) que fornece energia DC direta ao veículo e onde o cabo de recarga é ligado ao carregador. Como existem vários tipos de conectores de carga rápida, o equipamento está normalmente equipado com três mangueiras com o conector correspondente, duas em direto (CHAdeMO e CSS/Combo 50kW) e uma em alternado (Mennekes 43kW). No entanto, nem todos os veículos podem usar este modo de carregamento. Embora a maioria dos equipamentos de carga rápida normalmente inclua as três mangueiras mencionadas acima, o modo 4 é definido apenas como o carregamento DC de um veículo elétrico, o que significa que estes carregadores rápidos realmente permitem o carregamento tanto no modo 4 como no modo 3.